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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Lord Byron em Lisboa - 2

Pode talvez dizer-se que estadia de Byron em Portugal se deveu a uma mera casualidade. De acordo com os planos de viagem, previamente estabelecidos por si e pelo seu amigo John Cam Hobhouse, o seu destino inicial  seria o Mediterrâneo Oriental passando por Gibraltar com destino ao Oriente mas, por circunstâncias várias, restou-lhes a alternativa de tomar lugar num veleiro destinado a Lisboa para  posteriormente daqui  partir com destino a Gibraltar.

Inspirado na tradição da juventude rica da inglaterra setecentista, que em regra completava a sua formação académica de índole livresca com uma peregrinação ao espaço geográfico onde a cultura ocidental mergulhava raízes, Byron projectava há muito essa viagem. Por seu turno Hobhouse seu amigo e companheiro de viagem partilhava o mesmo interesse, reservando para si o papel de cronista, munindo-se de tinta, penas e cadernos a fim de registar novas impressões, com vista à publicação de um livro de viagens após o regresso. O manuscrito desse diário, felizmente conservado, constitui não só um importante documento biográfico como a principal fonte para a investigação sobre a visita de Byron ao nosso pais.

Quando 7 de Julho de 1809 o veleiro "Princess Elisabeth" entrava na barra do Tejo  dois factos históricos de vastas repercussões conjugavam-se para determinar as coordenadas paisagísticas físicas e humanas da Lisboa a que Byron chegava.

A cidade ressentia-se ainda dos efeitos devastadores da catástrofe de 1755 cuja devastação, em boa medida, havia sido ultrapassada pelos trabalhos de reconstrução da baixa pombalina que, no lugar dos becos e ruelas tortuosas da cidade seiscentista, tinham implantado os modelos geométricos da arquitectura urbana do racionalismo iluminado, impondo ao espaço ribeirinho os valores de funcionalidade e utilitarismo próprios da mentalidade burguesa. Apesar disso não podia passar despercebido a qualquer viajante mesmo, já em princípios do século XIX, o grau de provisoriedade que em algumas zonas da cidade. Daí que a Lisboa de Byron patenteasse uma singular coexistência de tradicionalismo e inovação, nem sempre em síntese harmónica.

Por outro lado a invasão napoleónica de 1807, a retirada da corte para o Brasil, a intervenção armada da Grã-Bretanha, as movimentações estratégicas do exército anglo-português e as sequelas amargas da Convenção de Sintra criavam um clima de notória instabilidade político militar que afectava profundamente a paisagem humana da capital.

Voltaremos a Byron...


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