![]() |
Giuseppe Baretti |
Se nos detivermos com alguma atenção sobre o que outros viajantes, ingleses ou não, disseram sobre Lisboa, poderemos constatar que estes são praticamente unânimes no elogio às belezas da cidade vista do rio.
Vejamos algumas das impressões desses viajantes e o que eles pensavam das clássicas comparações com Nápoles e Constantinopla:
Baretti (1762): "A vista é das mais grandiosas e pitorescas do mundo. Entre as cidades que visitei nenhuma a pode igualar, a não ser Génova com os seus subúrbios... O conjunto, quando observado do meio do rio merece a obra de algum benévolo demiurgo."
Semple (1805): "Seja, porém, como for, o que não há dúvida é que a situação é admirável; e a cidade, cheia de igrejas, palácios, zimbórios, pináculos, erguendo-se da água até escalar os cimos de numerosas colinas oferece da baía uma das mais nobres que podem imaginar-se, e superior talvez à de qualquer outra cidade do mundo... mas ao desembarcarmos a ilusão desvanece-se..."
![]() |
Lady Emmeline Wortley |
Lady Emmeline Wortley (1854): "Poucas capitais há na Europa que se lhe possam aproximar, no pitoresco da situação...É, sem dúvida, um panorama soberbo... Em alguns aspectos Lisboa é muito inferior a Nápoles, mas em outros é talvez superior."
Armand Dayot (1887): "A impressão desagradável que se experimenta ao desembarcar nos cais não faz senão aumentar, à medida que se penetra na cidade alta, subindo com dificuldade a íngreme ladeira das suas ruas, mal calçadas quase sempre. Que é feito então dessa maravilhosa cidade de que admirávamos, no meio do Tejo, as brancas casas deslumbrantes e os jardins verdes e floridos? Vagueio a cada passo em labirintos nauseabundos, entre fachadas sem elegância e dum pardo sujo. Por detrás de altos muros, os jardins desapareceram; aqui e ali algumas praças públicas orladas de árvores poeirentas ornadas de estátuas grotescas... as igrejas de Lisboa parecem-se quase todas com as tristes igrejas italianas do século XVII; o mesmo estilo rocócó, a mesma falsa magnificência interior, os mesmos excessos decorativos... Quanto aos três palácios régios da Ajuda, Necessidades e Belém, são de uma desesperadora banalidade arquitectónica... Lisboa mereceria ser denominada a capital do mau gosto."
Em 1817, em carta data de Veneza, a 11 de Abril, Byron dirigindo-se a Moore: "Não vou a Nápoles. É apenas a segunda das vistas de mar em toda a Europa, e eu vi a primeira e a terceira, isto é, Constantinopla e Lisboa. Esta, a bem dizer, é um panorama fluvial, mas colocam-na abaixo de Istambul e Nápoles, e acima de Génova."
Conforme podemos constatar pelos relatos dos viajantes sobre Lisboa de outrora temos ocasião de verificar que eles são praticamente unânimes em elogiar as belezas da cidade vista do rio. A uns agrada sobremaneira a linha sinuosa das colinas e vales, a outros fascina o colorido das vinhas e pomares dos arrabaldes, outros ainda deleitam os olhares na brancura do casario disperso, entrecortado pelas torres das igrejas.
Conforme podemos constatar pelos relatos dos viajantes sobre Lisboa de outrora temos ocasião de verificar que eles são praticamente unânimes em elogiar as belezas da cidade vista do rio. A uns agrada sobremaneira a linha sinuosa das colinas e vales, a outros fascina o colorido das vinhas e pomares dos arrabaldes, outros ainda deleitam os olhares na brancura do casario disperso, entrecortado pelas torres das igrejas.
Não se justifica, portanto, atribuir a Byron que na sua aparente contradição face ao que viu do rio e o que depois encontrou dentro da cidade, qualquer revanchismo balofo que tenha porventura a ver com o ajuste de contas de um marido ciumento.
Voltaremos...
Sem comentários:
Enviar um comentário