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Anthony Quinn e Giulietta Masina |
Foi com este filme que conheci Fellini e Giulietta Masina. Apaixonei-me desde logo por esta dupla que fez obras tão belas como Julieta dos Espíritos, O Conto do Vigário ou As Noites de Cabíria. La Strada é o meu preferido do realizador e da actriz.
Conta a história de Gelsomina, uma mulher humilde e ingênua, que é vendida por sua mãe para Zampanò, um homem rude que trabalha fazendo apresentações em diversos locais. Num dado momento, cruza seus caminhos o equilibrista conhecido como "O Louco", que adora provocar Zampanò e nutre uma admiração especial por Gelsomina
A propósito deste filme, André Bazin afirmou: “(...) este maravilhoso (do filme) não é nem sobrenatural, nem gratuito, nem sequer “poético”, ele aparece como uma qualidade possível da natureza. Além disso, para voltar à psicologia, a característica destes personagens é justamente não a ter (...) mas têm uma Alma.” La Strada é de uma dureza puramente realista, na forma como nos são apresentadas as personagens, as casas, os bares e as ruas de uma Itália perdida no desamparo do pós-guerra.
Os personagens de Fellini são indefinidos, portadores de sentimentos imperfeitos porque a perfeição espiritual não existe. Pensando o cinema como “meio visual”, Fellini mostra-os pela sua aparência e cria-os através dos acontecimentos. Gelsomina, uma jovem pouco inteligente, é vendida a Zampanó, artista de rua que percorre o país e que precisa de uma ajudante para executar os seus números, construindo os dois uma relação muito singular. Ele é um homem com modos rudes, que bebe demais e gosta da sua liberdade e de dormir com outras mulheres. Ela é doce e ingénua, e sonha com o dia em que será feliz, esforçando-se por ser um bom palhaço e agradar a Zampanó. Mas os seus sonhos não se tornam realidade e acaba por fugir, impulsionada pelas saudades da sua terra e da sua família.
Quando Zampanó a encontra e lhe bate, ela percebe que nunca poderá escapar-lhe.
O tempo vai passando por Itália e pelos personagens, enquanto percorrem juntos a estrada pobre e triste, e sofrem com a falta de comunicação. O trabalho é algo que os aproxima e lhes dá uma natureza social. Cada repetição do número de Zampanó, que consiste em partir correntes expandindo os pulmões, serve para nos mostrar o vazio do seu mundo e a aproximação da decadência. Quando ele mata o Bobo, Gelsomina fica petrificada com os poderes de tal homem e começa a comportar-se como uma louca, levando a que Zampanó a abandone.
Giulietta Masina desempenha um papel extraordinário. Sobre o seu desempenho Fellini disse: “é o único exemplo em que obriguei uma actriz com um temperamento exuberante, agressivo, até pirotécnico, a fazer o papel de uma criatura tímida, com um clarão de razão e de gestos sempre no limite da caricatura e do grotesco”. Masina inspirou-se em Chaplin para conseguir criar o seu personagem.
Elenco
Giulietta Masina...Gelsomina
Anthony Quinn.... Zampanò
Richard Basehart.... o louco
Aldo Silvani .... Il Signor Giraffa
Marcella Rovere .... a viúva
Livia Venturini .... La Suorina
Principais prêmios e inidicações
Oscar1957 (EUA)
Venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.
Indicado na categoria de melhor roteiro original.
BAFTA1956 (Reino Unido)
Indicado na categoria de melhor filme de qualquer origem.
Indicado na categoria de melhor atriz estrangeira (Giulietta Masina).
Prémio Bodil1956 (Dinamarca)
Venceu na categoria de melhor filme europeu.
Festival de Veneza (Itália)
Venceu na categoria de melhor diretor (Leão de Prata).
Indicado na categoria de melhor filme (Leão Douro).