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sábado, 24 de março de 2012

Os Meus Filmes (1)

Anthony Quinn e Giulietta Masina
Filmes da Minha Vida... (1) La Strada (1954) - Fellini.

Foi com este filme que conheci Fellini e Giulietta Masina. Apaixonei-me desde logo por esta dupla que fez obras tão belas como Julieta dos Espíritos, O Conto do Vigário ou As Noites de Cabíria. La Strada é o meu preferido do realizador e da actriz.

Conta a história de Gelsomina, uma mulher humilde e ingênua, que é vendida por sua mãe para Zampanò, um homem rude que trabalha fazendo apresentações em diversos locais. Num dado momento, cruza seus caminhos o equilibrista conhecido como "O Louco", que adora provocar Zampanò e nutre uma admiração especial por Gelsomina

A propósito deste filme, André Bazin afirmou: “(...) este maravilhoso (do filme) não é nem sobrenatural, nem gratuito, nem sequer “poético”, ele aparece como uma qualidade possível da natureza. Além disso, para voltar à psicologia, a característica destes personagens é justamente não a ter (...) mas têm uma Alma.” La Strada é de uma dureza puramente realista, na forma como nos são apresentadas as personagens, as casas, os bares e as ruas de uma Itália perdida no desamparo do pós-guerra.

Os personagens de Fellini são indefinidos, portadores de sentimentos imperfeitos porque a perfeição espiritual não existe. Pensando o cinema como “meio visual”, Fellini mostra-os pela sua aparência e cria-os através dos acontecimentos. Gelsomina, uma jovem pouco inteligente, é vendida a Zampanó, artista de rua que percorre o país e que precisa de uma ajudante para executar os seus números, construindo os dois uma relação muito singular. Ele é um homem com modos rudes, que bebe demais e gosta da sua liberdade e de dormir com outras mulheres. Ela é doce e ingénua, e sonha com o dia em que será feliz, esforçando-se por ser um bom palhaço e agradar a Zampanó. Mas os seus sonhos não se tornam realidade e acaba por fugir, impulsionada pelas saudades da sua terra e da sua família.

Quando Zampanó a encontra e lhe bate, ela percebe que nunca poderá escapar-lhe.
O tempo vai passando por Itália e pelos personagens, enquanto percorrem juntos a estrada pobre e triste, e sofrem com a falta de comunicação. O trabalho é algo que os aproxima e lhes dá uma natureza social. Cada repetição do número de Zampanó, que consiste em partir correntes expandindo os pulmões, serve para nos mostrar o vazio do seu mundo e a aproximação da decadência. Quando ele mata o Bobo, Gelsomina fica petrificada com os poderes de tal homem e começa a comportar-se como uma louca, levando a que Zampanó a abandone.

Giulietta Masina desempenha um papel extraordinário. Sobre o seu desempenho Fellini disse: “é o único exemplo em que obriguei uma actriz com um temperamento exuberante, agressivo, até pirotécnico, a fazer o papel de uma criatura tímida, com um clarão de razão e de gestos sempre no limite da caricatura e do grotesco”. Masina inspirou-se em Chaplin para conseguir criar o seu personagem.


Elenco
Giulietta Masina...Gelsomina
Anthony Quinn.... Zampanò
Richard Basehart.... o louco
Aldo Silvani .... Il Signor Giraffa
Marcella Rovere .... a viúva
Livia Venturini .... La Suorina
Principais prêmios e inidicações

Oscar1957 (EUA)
Venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.
Indicado na categoria de melhor roteiro original.
BAFTA1956 (Reino Unido)
Indicado na categoria de melhor filme de qualquer origem.
Indicado na categoria de melhor atriz estrangeira (Giulietta Masina).

Prémio Bodil1956 (Dinamarca)
Venceu na categoria de melhor filme europeu.

Festival de Veneza (Itália)
Venceu na categoria de melhor diretor (Leão de Prata).
Indicado na categoria de melhor filme (Leão Douro).





segunda-feira, 12 de março de 2012

Maria Pia de Saxe-Coburgo-Gota e Bragança

Nascida a 13 de Março de 1907 e faleceu a 6 de Maio de 1995 D. Maria Pia de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança veio ao mundo numa das épocas mais conturbadas da História de Portugal e surgiu, subitamente, no mundo político português, logo após a morte do último rei de Portugal, como sendo filha do rei D. Carlos I de Portugal com D. Maria Amélia Laredó e Murça - como tal, meia-irmã de D. Manuel II e sua herdeira política.


Durante toda a sua vida, esta senhora frequentou os mais elevados círculos aristocráticos nacionais e internacionais, viveu amores e desamores, e, no entanto, um só simples relato da sua existência já bastaria para se poder apresentar ao Mundo um apaixonante e heróico romance sobre a sua vida.Com o seu manifesto desassombro, o seu entusiasmo romântico, o gosto pela escrita e pela ribalta, atravessou meio século da vida portuguesa perturbando a Causa Monárquica, apoiando o general Humberto Delgado, frequentando as cortes reais europeias, e escandalizando e litigando contra D. Duarte Pio de Bragança, o então chamado «senhor de Santar» e pretendente ao trono pelo ramo Miguelista.Para os monárquicos constitucionalistas, esta senhora representou a muito desejada Rainha D. Maria III de Portugal. Para os amantes da literarura, D. Maria Pia de Bragança preferiu dar a conhecer-se sob o pseudónimo literário de Hilda de ToledanoFaleceu em Verona, a cidade de Romeu e Julieta, e repousa agora no Cemitério Monumental dessa mesma cidade italiana. A todos quantos a conheceram, a senhora apresentou-se como sendo «Sua Alteza Real, Dona Maria Pia de Saxe-Coburgo-Gotha e Bragança, Princesa Real de Portugal e legítima Duquesa de Bragança».


Ficou conhecida como a Princesa Vermelha, a Infanta Encoberta, ou "A menina quase-tudo", mas soube entrar, sem sombra de dúvida, com uma admirável realeza na História de Portugal.

quinta-feira, 8 de março de 2012

CASE STUDY: quem é o deus ex machina da Ongoing? (14)


[Continuação de (1), (2), (3), (4), (5), (6), (7), (8), (9), (10), (11), (12) e (13)]

Em complemento dos 13 posts anteriores onde dissequei a criatura Ongoing, como criação dos seus criadores Espíritos Santos que os transcendeu, a partir das parcas informações que passaram no filtro do jornalismo de causas, vou recorrer a Nicolau Santos porque não li a artigo completo de Cristina Ferreira para completar a dissecação. Por uma vez, este pastorinho dos amanhãs que cantam consegue manter-se a uma distância higiénica do complexo político-empresarial socialista. Infelizmente, receio que seja um caso irrepetível devido apenas ao seu ódio de estimação ao duo Vasconcellos-Mora.

«A excelente investigação da jornalista Cristina Ferreira do "Público" sobre a Ongoing permite chegar a algumas conclusões. 
1) A Heidrich & Struggles foi o cavalo de Troia, através do qual a dupla Nuninho-Rafa (como se tratam) passou a gerir as carreiras de milhares de quadros médios e superiores; 
2) o Compromisso Portugal, que teve Rafael Mora por trás, visou a ligação à geração de empresários, gestores, políticos e jornalistas na casa dos 40 anos; 
3) em 2003, o ex-ministro Pina Moura passa a consultor da H&S e transita depois para a Ongoing. Será presidente não-executivo da Media Capital e ascende a presidente da Iberdrola Portugal;
4) António Mexia, enquanto ministro, foi decisivo para abrir à H&S o acesso às grandes empresas públicas - e Mário Lino fundamental a alargar esse acesso: TAP, ANA, PT, EDP, Águas de Portugal, CTT, Carris, Estradas de Portugal;
5) foram essas avenças de empresas públicas (algumas escandalosas e outras sem justificação), que permitiram à dupla ganhar estofo financeiro para se abalançar a outros voos;
6) o salto em frente é dado com a OPA da Sonaecom sobre a PT, em que Ricardo Salgado utiliza Nuno Vasconcellos (a quem financia) como testa de ferro para ajudar a travar a operação;
7) Mora elabora o novo modelo de governação do BCP, que vai conduzir à rutura entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto;
8) quando PTP abandona o banco e a solução Pinhal falha, é Mexia quem mexe os cordelinhos para colocar a administração da CGD à frente do BCP; 9) o BCP vai tornar-se em seguida o princi¬pal financiador da Ongoing;
10) o sistema de remunerações da administração da EDP, que tem proporcionado enormes bónus a Mexia, foi elaborado por Mora;
11) a estratégia exige uma imprensa submissa: o primeiro passo é a compra do "Económico", por €27 milhões. O controlo da TVI falha, o domínio sobre a Impresa também;
12) a estratégia exige uma enorme alavancagem financeira. A Ongoing lança fundos de investimento de alto risco, no qual investem PT (75 milhões), BES (180 milhões) e Montepio Geral (30 milhões);
13) a escalada exige também acesso a informações privilegiadas (a Ongoing contrata quatro espiões);
14) ... e ligações ao PSD e PS (vários ex-políticos trabalham para o grupo).
Avenças de empresas públicas, financiamento de bancos amigos, influência empresarial e política, ligações à maçonaria e às secretas: assim se construiu o império daquele que ia ser o maior empresário português do século XXI.»

[Anatomia da Ongoing, Nicolau Santos, no Expresso]



quarta-feira, 7 de março de 2012

Gato Bengal: não é uma maravilha?

"Robertos"



Chamávamos-lhe "Robertos" (não sei porquê). Mas o teatro de marionetas fazia as delícias da pequenada nas ruas...

Muitos de nós recordam certamente, dos divertidos bonecos de pau que há umas dezenas de anos andavam poe esse país fora, de terra em terra, levando a alegria do Teatro de Robertos às ruas e praças que se enchiam de gente miúda e não só, para rir a bom rir com as peripécias destes saudosos bonequinhos

Nicéphoro Niépce

Nicéphoro Niépce


Joseph Nicéphore Niépce nasceu em Chalon-sur-Saône a 7 de março de 1765 e faleceu em Saint-Loup-de-Varennes a 5 de julho de 1833. Foi um inventor francês responsável por uma das primeiras fotografias.

Niépce iniciou as suas experiências fotográficas em 1793, mas as imagens desapareciam rapidamente. Só em1824 conseguiu fixar a imagem durante algum tempo e o primeiro exemplo de uma imagem permanente ainda existente foi tirada em 1826. Em 1793, junto com o seu irmão Claude, oficial da marinha francesa, Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) tenta obter imagens gravadas quimicamente com a câmara escura, durante uma temporada em Cagliari. Aos 40 anos Niépce abandonou o exército francês para dedicar-se a inventos técnicos, graças à fortuna que sua família possuía. 

Nesta época, a litografia era muito popular na França, e como Niépce não tinha habilidade para o desenho, tentou obter através da câmera escura uma imagem permanente sobre o material litográfico de imprensa. Recobriu um papel com cloreto de prata e expôs durante várias horas na câmera escura, obtendo uma fraca imagem parcialmente fixadas com ácido nítrico. Como essas imagens eram em negativo e Niépce pelo contrário, queria imagens positivas que pudessem ser utilizadas como placa de impressão, determinou-se a realizar novas tentativas.

Após alguns anos, Niépce recobriu uma placa de estanho com betume branco da Judéia que tinha a propriedade de se endurecer quando atingido pela luz. Nas partes não afetadas, o betume era retirado com uma solução de essência de alfazema. Em 1826, expondo uma dessas placas durante aproximadamente 8 horas na sua câmera escura fabricada pelo ótico parisiense Chevalier, conseguiu uma imagem do quintal de sua casa. Apesar desta imagem não conter meios tons e não servir para a litografia, todas as autoridades na matéria a consideram como "a primeira fotografia permanente do mundo". Esse processo foi batizado por Niépce como heliografia, gravura com a luz solar.

Em 1827, Niépce foi a Kew, perto de Londres, visitar Claude, levando consigo várias heliografias. Lá conheceu Francis Bauer, pintor botânico que de pronto reconheceu a importância do invento. Aconselhado a informar ao Rei Jorge IV e à Royal Society sobre o trabalho, Niépce, cauteloso, não descreve o processo completo, levando a Royal Society a não reconhecer o invento. De volta para a França, deixa com Bauer suas heliografias do Cardeal d'Amboise e da primeira fotografia de 1826.

Em 1829 substitui as placas de metal revestidas de prata por estanho, e escurece as sombras com vapor de iodo. Este processo foi detalhado no contrato de sociedade com Daguerre, que com estas informações pode descobrir em 1831 a sensibilidade da prata iodizada à luz. Niépce morreu em 1833 deixando sua obra nas mãos de Daguerre.