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domingo, 11 de setembro de 2011

Fantasia sobre Lisboa...

Charles Monselet
Século XIX...

Em França, por ocasião de um de um novo itinerário marítimo na Carreira da linha de Hespanha, inaugurada a 25 de Fevereiro de 1862, e, com a entrada em serviço do novo navio Ville de Brest, acabado de construir em Inglaterra, resolveu a companhia de navegação proprietária do navio tomar a iniciativa de convidar algumas personalidades ilustres para o percurso inaugural.

O percurso resumiu-se a um simples passeio de recreio, partindo de Saint-Nazaire, França,  no dia 25 de Fevereiro, ao meio dia, com destino a Cádiz. Daí seria fácil chegar a Sevilha e Córdova, utilizando o caminho de ferro.

Entre os convidados encontrava-se o respeitável Charles Monselet, famoso jornalista, romancista, poeta e autor dramático francês, conhecido pelos seus contemporâneos por rei dos gastrónomos.

Charles Monselet traçou umas impressões de viagem, observando fugasmente Lisboa, através da visão brilhante da sua fantasia. O escritor descreve-a como uma estravagante cidade do país dos sonhos coberta de jardins suspensos como os da Babilónia!

"(...) Causa admiração - refere o Panorama - que os estrangeiros que nos visitam digam de nós e dos nossos costumes as coisas mais imprevistas, quando Monselet, observador notável, demorando-se em Lisboa quatro dias, avista os nossos telhados cobertos de flores, enchendo assim de orgulho a modesta vegetação a que o nosso povo dá o nome familiar de arroz de telhado ou uva de rato?

Concordemos entretanto que Charles Monselet, contemplando algumas horas Lisboa, através do fumo do seu charuto, ao trote de uma carruagem, soube apanhar em flagrante alguns dos traços mais salientes dos nossos costumes, escrevendo uma página que os leitores não deixarão de ler com curiosidade."

Rossio... ainda sem estátua... talvez em 1856.
Diz monselet num artigo publicado uns anos mais tarde no Panorama: " (...) A nossa primeira escala, após três dias de viagem, foi Lisboa. Um belo sol na plena magnificência do ocaso, fez-nos amavelmente as honras da capital Lusitana. A foz do Tejo, tão celebrada, é sem duvida superior à sua reputação: é de um esplendor, de uma amplitude, de uma variedade de perspectivas que obrigam a emudecer o sentimental romance que se balbuciava já! À esquerda o Castelo dos Mouros levantando às nuvens os seus minaretes fantásticos, uma cadeia de muralhas e de torreões em conversão permanente com os Génios. Á direita, num fundo arenoso, prolongamentos de montanhas servindo de refúgio, dizem, a populações um pouco selvagens. Ao longe umas centenas de mastros picando o vapor purpúreo do horizonte, tendo por sentinela avançada a Torre de Belém, a última palavra da arquitectura cavalheiresca. - Sabe-se que Lisboa partilha com Constantinopla e Nápoles a honra de possuir um dos mais belos portos do mundo. Também se orgulha, das suas sete colinas,  sobre as quais se espalham numa encantadora confusão, tantos palácios, igrejas, jardins e casas pintadas de amarelo, verde, vermelho e azul, que bem poderíamos supor saídas de uma imensa écloga pastoril!

Não quero nem posso ser prolixo. Todavia por isso mesmo, que tenho pressa, nutro a pretensão de ver com mais nitidez e de reter com mais força. Tal esboço rápido fala às vezes melhor à minha imaginação do que certa tela retocada. Muitas vezes quem permanece três ou quatro meses num lugar, acaba por perder a percepção dos detalhes. Apenas estive quatro dias em Lisboa: seria pouco certamente para um historiador, ou um arqueólogo; bastante para um pintor ou um cronista.

Vou, por exemplo, tentar reproduzir a fisionomia de uma rua animada de Lisboa. Escolherei a Rua do Ouro ou a Rua da Prata - dois nomes felizes para uma cidade comercial. A rua parte do Tejo e vai até à colina: é longa, é larga, tem passeios mas é calçada no centro com seixos um tanto angulosos. As casas têm quatro ou cinco andares, espaçados entre si, na maior parte coroados com águas furtadas cujo tecto, formados por telhas de um vermelho vivo, se revira aos cantos estilo chinês. Sobre o telhado o vento espalha na primavera sementes que a chuva fecunda, desabrochando depois numa suave florescência. Esta vegetação aérea é de um efeito graciosamente imprevista. Os armazéns - em linguagem portuguesa - ostentam menos elegância: compõem-se cada um de uma pequena loja, estreita, sempre aberta, aonde se perfila um mercador silencioso e aparentemente indiferente às observações do freguês. Este mercador é inevitavelmente ourives nas duas ruas que nomeio. Mercadora não vi nenhuma, o que é digno de reparo e singularmente desgracioso. A rua é sulcada por pessoas do campo montadas em mulas, por mulheres do povo de capote escuro, com cabeção de veludo, por uma quantidade inumerável acarretadores de água, trazendo ao ombro um barril listrado de verde  e cor de laranja, soltando todos os segundos, numa nota aguda, este grito: água! Dois guardas do paço, de calção curto, casaca escarlate atravessada por um boldrié, a alabarda em riste, caminham junto à parede sem demasiada solenidade. Um negro culpado sem dúvida de algum malefício, vai escoltado por caporaes da polícia de sabre nu. À esquina de uma igreja, um sacristão amarelo e verde, pede para as almas do purgatório. Eis um enterro: o carro mortuário, conduzido por um cocheiro coberto com um portentoso chapéu de general, vai ornado de vinhetas lacrimosas, ciprestes, mausoléus, tíbias em cruz. Um garoto não se desvia entretido com um grilo que transporta numa gaiola liliputiana - o grilo representa uma das paixões e uma das superstições do povo de Lisboa: vendem-se às centenas nos mercados, todos inquietos, cantando em grandes caixas entre as folhas de alface que lhes servem de alimento. Há gaiolas de um e dois andares para um ou dois grilos: os operários penduram-nas nas oficinas ou pregam-nas por cima da porta.

Torre de Belém, século XIX
Mas a Rua do Ouro, ou a da Prata, não é verdadeiramente a rua original de Lisboa. Em certos bairros aristocráticos e menos frequentados, encontram-se casas revestidas exteriormente de azulejos, com varandas gradeadas; noutros bairros, principalmente na cidade velha, agrupada em volta da catedral,, tropeça-se com o estilo árabe com todo o seu contraditório. Ali abundam as vielas hediondas, as escadarias viscosas, os buracos prolongando-se na sombra e na miséria os farrapos cruéis, conjuntamente com intermináveis bandos de gatos amarelados, magros,  sem orelhas. Este lado de Lisboa é muito triste e como que para completar o aspecto, um incidente lúgubre me esperava na vasta igreja de S. Vicente. Apenas entrei apontou-me um dos meus companheiros uma banca de pedra à direita. "repare naquela boneca" , disse-me ele. A boneca era uma criança morta. Parece que as mães pobres têm ainda o costume de expôs os filhos mortos, para que sejam enterrados à custa da igreja. Fazem-se todas as diligências para as coibir, mas as tristes chegam com o pequenino cadáver oculto debaixo do capote, espreitam o momento em que tudo está só e fogem depois.

Não demorarei mais tempo as atenções neste quadro repugnante. Prefiro dizer ao leitor, em conclusão, que tem um brilhante aspecto de grande capital esta Lisboa, tão pouco conhecida dos touristes, mesmo dos ingleses. Os passeios assombreados e os jardins, variam o seu carácter monótono; encontra-se até campos cultivados entre dois bairros. Os monumentos são a parte fraca; os estabelecimentos públicos, os teatros, os conventos. Mas o que se pode exigir de uma cidade quase inteiramente reconstruida no fim do século XVIII?"

Aqui fica mais uma visão de Lisboa...


domingo, 4 de setembro de 2011

Ele não descola... (*)



"Isto" não descola...
(...) O ex-primeiro-ministro José Sócrates há-de ter-se despedido dos seus congéneres da União Europeia e de outros dirigentes políticos estrangeiros, nos quinze dias que mediaram entre as eleições de 5 de Junho de 2011, que perdeu, até à tomada de posse do XIX Governo Constitucional, do PSD-CDS, em 21 de Junho de 2011. Se não lhes telefonou, ou não os atendeu quando lhe telefonaram para o consolarem da derrota, foi mal-educado porque era, então e nessa qualidade, que o contacto devia ser feito. Em qualquer caso, a função de primeiro-ministro de José Sócrates terminou em 21 de Junho de 2011 e nenhuma recepção protocolar lhe é devida depois: já não é representante de Portugal, nem sequer líder do Partido Socialista português.

(*) Do Blog "Do Portugal Profundo"

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"Leishmaniose" e passeio...

Quando o tempo "levantou" veio a secura...
Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por um microorganismo (protozoário - leishmania), que é transmitida ao cão, a animais silvestres como roedores e também ao homem por um mosquito, o 
flebótomo.
Flebótomo



A leishmaniose canina é transmitida por insectos semelhantes a mosquitos - os flebótomos. Os cães podem apresentar febre, perda de pelo, perda de peso, feridas na pele, problemas nas unhas, anemia, artrite e insuficiência renal grave, e, até morte. Não existe cura. Na Europa 2,5 milhões de cães estão infectados.
Uma vez que a doença é transmitida através das picadas de flebótomos infectados, a protecção mais eficaz, em teoria, passaria por evitar todo e qualquer contacto entre os cães e estes insectos. Na prática, essa solução não é viável para os cães que habitam em zonas endémicas.
Reduzir o habitat dos flebótomos, minimizar o contacto físico, mantendo os cães recolhidos ao entardecer e ao amanhecer – períodos em que os flebótomos estão mais activos – , e utilizar insecticidas (sprays, spot-on, coleiras repelentes, etc.) eram as medidas preventivas disponíveis até há pouco tempo.

A partir de agora está já disponível um novo nível de protecção para os cães. Consulte o o seu veterinário e informe-se sobre a nova vacina contra a leishmaniose canina.

Por isso...

...mesmo com o tempo assim passeámos.

Desloquei-me à Lousã para ministrar à Kamila a segunda de três doses da nova vacina.
E divertimo-nos