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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Lisboa de portas fechadas


Muitos dos interiores mais magníficos de Lisboa não se encontram abertos como atrações turísticas. Grande parte dos palácios e palacetes são agora embaixadas ou propriedade do estado, e até mesmo muitas das igrejas monumentais abrem apenas para serviços religiosos. Aqui apresentamos os espaços mais belos que muito poucos têm a oportunidade de conhecer.

SALÃO POMPEIA

O Palácio da Ega, construído no século XVI e usado como as instalações do Arquivo Histórico Ultramarino desde 1931 esconde uma das mais belas salas da cidade. Chama-se Salão Pompeia e data de uma remodelação do edifício no século XVIII. Era um espaço usado como sala de música em grandes banquetes e por isso foi colocada uma estátua de Apolo, o deus da música. Este encontra-se rodeado de frescos, de magníficas colunas e de oito painéis de azulejos holandeses do século XVIII ilustrando os principais portos europeus.
O nome do palácio deve-se a uma das suas proprietárias, a Condessa da Ega, que permitiu que o general Junot, seu amante, se instalasse no palácio durante as invasões francesas. A condessa mais tarde casou-se com o conde Stroganov de São Petesburgo para onde foi viver, acabando por falecer nessa cidade. Foi também aí que a condessa encontrou uma receita do cozinheiro do marido que mais tarde se tornou bem conhecida — Estrogonofe.
Houve tempo em que o Salão Pompeia abria ao público uma vez por mês mas neste momento já não se permitem visitas.

A CONDESSA DA EGA


O 2º Conde da Ega, Aires José Maria de Saldanha, enviuvando em 1795, casou em segundas núpcias com D. Juliana Maria Luísa Carolina Sofia de Oyenhausen e Almeida, filha da notável Marquesa de Alorna.
Entre 1807 e 1808 o conde, recentemente regressado de Espanha onde fora ministro plenipotenciário, recebe de forma entusiástica os franceses e chega mesmo a tomar parte activa na nova admnistração liderada por Junot. O seu palácio, conhecido por da Ega ou Saldanha e onde estão hoje instalados os Arquivos Históricos Ultramarinos, sofre obras de embelezamento da fachada e interiores, sendo o cenário para grandes festas em honra dos novos governantes.
Junot era frequentador assíduo e encantado pela formosura de D. Juliana fez dela a sua amante oficial enquanto esteve em Portugal. Mas o idílio só dura até à convenção de Sintra, altura em que o casal se vê obrigado a fugir para França acompanhando os seus protectores, de Napoleão recebem uma pensão de 60.000 francos anuais, que gozam até à sua queda em 1814.
Em 1811, um tribunal condena os portugueses que estavam em França à morte, sentença que nunca seria aplicada e em 1823 outro tribunal anula estas sentenças permitindo o seu regresso a Portugal. O Conde opta por se manter afastado da cena política e vem a falecer em 1827. D. Juliana casa novamente com o Conde de Strogonoff, um russo e falece em S. Petersburgo no ano de 1864.
O palácio abandonado, serviu de hospital para as tropas anglo-lusas e depois como quartel general de Beresford, a quem D. João acaba por doar o edifício em 1820. A família só consegue reavê-lo após uma longa demanda em tribunal em 1838, mas dificuldades financeiras levam à sua venda.